Queria ser livre,
repicar vozes de um interno obscuro.
Desejava recuperar vértices aparados de consciência
que o silêncio talha em omissão.
Acreditava no seu próprio espírito
liberto das demais pessoas.
Não conjugava mais a primeira voz
do exato verbo existir.
Na angustia da solidão desamparada
declinava medos e dúvidas turvas,
ressonando outras vozes
sem saber o tom daquilo que era próprio.
Ser conciso não lhe tocava.
Teve roubada a métrica que permitia a oração perfeita.
Hoje, foge de espaços impessoais,
dessas imposições aceleradas que passam pelas vistas,
quando tudo é neblina,
fluido em membranas glaucômicas
com senso de não transparência.
É boca calada.
Se toca o telefone não é para ele.
Os oceanos se afastam daquilo que foi porto,
e enormes ondas vorazes
tragam seus instintos em sulcos abismais.
Na caixa do correio
busca com a ponta enrugada dos dedos
o vazio de notícias que vivem submersas
entre corais afiados em mutação de vida.
Quer gritar, mas está morto!